Hino Órfico para Pan
(Hino X)
Fumigação de vários odores
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Eu chamo o forte Pan, a substância do todo,
Etéreo, marinho, terrestre, alma de tudo,
Fogo imortal; pois todo o mundo é teu,
E todos são partes de ti, ó poder divino.
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Vinde, abençoado Pan, o qual se deleite em assombrar os campos,
Venha, saltando, ágil, errante, luz estrelada;
As Horas e as Estações, esperam teu alto comando,
E volte ao Teu trono e permaneça em graciosa ordem.
Pés de bode, chifrudo, Bacanal Pan,
Fanático Poder, pelo qual o mundo começou,
Cujas diferentes partes por ti inspirada, combine
Na interminável dança e melodia divina.
Em ti um refúgio contra os nossos medos encontramos,
Esses temores peculiares à espécie humana.
Em ti os pastores, correntes de água e Bodes regozijam,
Tu, amante da perseguição, e a voz secreta do Eco:
As ninfas esportivas, a cada passo teu atendem,
E todas as tuas obras cumprem seu fim destinado.
O poder todo-produtor, tão renomado, divino,
Grande governante do mundo, o rico aumento é teu.
Todo-fértil Pan, esplendor celeste puro,
Em frutos regozijas, e em cavernas obscuras.
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A verdadeira serpente-chifruda Jove, cuja terrível fúria
Quando desperta, é difícil para os mortais a aplacarem.
Por ti, a terra largamente voluptuosa, profunda e longa,
Permanece em caráter permanente e forte.
As águas incansáveis do mar reverberante,
Profundamente espalhadas, rendem-se ao teu decreto.
O Antigo Oceano também reverencia teu alto comando,
De quem os braços líquidos rodeiam a terra sólida.
O ar espaçoso, o qual nutre o fogo,
E as explosões vivas, o calor da vida inspira
A concepção mais clara de fogo, cujo espumante olho
Brilha no cume azul do céu,submete-se igualmente a ti, todo o balanço existente;
Todas as partes da matéria, de todas as formas obedecem.
Mudança de toda a natureza pelo teu cuidado protetor,
E toda a humanidade tua dádiva liberal compartilha:
Para estes, onde ela dispersa pelo espaço sem limites,
Ainda encontra tua providência a apoiar a sua raça.
Vem, Bacanal, abençoado poder atraído perto,
Fanático Pan, o Teu humilde suplicante ouça,
Propiciosamente para estes ritos sagrados atenda,
E garanta que minha vida possa conhecer um final próspero;
Guie Pânico e Fúria também, onde quer que encontradas,
Da espécie humana, até o mais remoto limite da terra..
Retirado da postagem "Um pouco sobre Orfeu e os Hinos Órficos", do blog "A Nona Direção" HINO A PÃ (de Mestre Therion *)
Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã!
Do mar de além Vem da Sicília
e da Arcádia vem! Vem como Baco,
com fauno e fera E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo,
do mar sem fim, A mim, a mim!
Vem com Apolo,
nupcial na brisa (Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha,
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e,,
alma E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
com trombeta estridente e fina Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro Meu corpo,
lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão
- Vem, está fazia Minha carne,
fria Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã! Iô Pã!
Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande!
Meu Pã! Iô Pã! Iô Pã!
Despertei na dobra Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã!
A matado, Vou no corno levado Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara Carne em teu osso,
flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo,rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo, Homem,
homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã. Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Fernando Pessoa O "Hino a Pã" é uma tradução do Hymn to Pan, do prefácio do livro "Magick in Theory and Practice", de Aleister Crowley. Esta tradução foi publicada em outubro de 1931 em "Presença", de Pessoa.